Minhas mãos ficaram velhas,
Estão feias e queimadas,
Cheias de pintas senis.
Também, trabalharam tanto,
Mergulharam tantas vezes
Em soluções detergentes,
Tantas luvas de borracha,
Nesta minha profissão
E foi o que aconteceu:
Elas, depressa, ficaram
Muito mais velhas que eu.
Agora, sinto remorso.
Não tive tempo vadio
Para lhes dar atenção.
Minhas tristes mãos fanadas,
As ferramentas usadas,
No meu ofício tão nobre,
Na medicina geral.
Mãos de velho,
Mãos de pobre,
Mas símbolos de grandeza,
Jamais usadas em vão.
Não roubaram, nem bateram,
Só souberam trabalhar.
Às vezes, ponho nos bolsos,
Mas, logo, me lembro e tiro,
Levanto-as alto pro ar.
É meu diploma de honra!
Mesmo feias, enrugadas,
São as marcas registradas
De uma vida a respeitar.
José Arrabal Fernandes
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
MÃOS DE MÉDICO
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